sexta-feira, 26 de agosto de 2011


"Quando eu era pequenina gostava de sentar-me no batente da janela e observar as borboletinhas que pousavam sobre os meus pés. Muitas vezes não comia, passava as tardes ali. Não conseguia tirar os olhos daquelas cores vibrantes. Não sei o que me encantava naqueles "animaizinhos", talvez fosse a sensação de liberdade que eles traziam.
Aos meus oitos anos, descobri que tinha uma doença rara e, aos doze, fiquei completamente cega. Quando isto aconteceu, pedi a minha mãe que me ajudasse a sentar novamente na janela. Já não enxergava aquelas cores, mas podia sentir e perceber que não eram os olhos humanos que me faziam vê-las, mas os olhos que eu tinha em meu coração.
Por muitas vezes chorei de saudade, uma saudade que se resumia no fato de não poder ver aquelas cores. Aprendi a conviver com limites que para mim não existiam e acabei entendendo que quem guarda as lembranças não é o físico e o natural, e sim o espiritual.
Tudo o que eu vivi ficou guardado em minha alma. E posso dizer que aquela sensação nunca me deixou".

Daiane Guedes

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